11 setembro 2018

10 Setembro 2007



11 anos!

Tempo difuso para além de qualquer contagem em ponteiros de relógio ou sol-pôr ou alvorecer.
Tempo palpável, rugoso e lamacento.
Lodo.
Tempo retilíneo de então para hoje, pontilhado de flashes de conversas a dois, de imagens soltas na intermitência dos dias ...
Todos os dias.

11 anos!
O ensaio clínico falhou, viram-nos as costas!
David, ... nunca foi nome. Apenas código de um número atribuído quando se mergulha de cabeça num ensaio clínico.
Davides, heróis anónimos,  contra Golias.
Descobrimos que estamos assustados e sós.
Tu estás só; talvez penses ainda que eu tenho um plano!
Sossegas, dormente, ...
Afinal, a mãe já rascunhou a próxima janela.
Eu não! Eu sei que estamos sós numa jangada sem rumo.
Qualquer porto serve.

11 anos!
Anoiteceu no calor infernal daquele verão em Barcelona.
Num banco de jardim, distante dos ouvidos de um filho, entre cigarros  alvoroçados, uma prece aflita ao outro filho cá longe.
Desenhar uma janela que se chame Paris!


11 anos!
As malas, feitas à pressa, estão à porta.
O Manel chegou do Porto. Último voo, urgente.
Amanhã, um regresso desassossegado, a uma casa sem rosto.