22 dezembro 2014

Jamais ninguém como tu!




Análise Teatral
Prof. Isabel Alves Costa

“A Flauta Mágica”

No dia 16 de Dezembro, fui à ópera. 
No Pavilhão, ou melhor, Pavilhãozão Atlântico, apresentava-se a ópera de Wolfgang Amadeus Mozart, “A Flauta Mágica”.
 Eu estava em Lisboa, a trabalhar, e já tinha programado a minha ida ao espectáculo, muito antes da deslocação à capital. Depois de finalizar o trabalho do dia, peguei no casaco, deitei o cansaço a um caixote do lixo, já na rua, e dirigi-me à estação do Cais do Sodré, para me deslocar de metro até ao Oriente. 
Gostei de ver pessoas das diferentes classes sociais lisboetas, ali juntas, muitas com o mesmo propósito que eu. Ir à ópera. 
Cheguei de metro, não de carro de vidros fumados!
Mas “o metro é bué da fixe” pensei para mim mesmo, na gíria da terra.
Quando cheguei ao Pavilhão, desloquei-me até à bilheteira mais próxima para comprar o meu bilhete. 
Logo, logo, me apercebi que os Lisboetas são uns stressados. 
Havia uma fila relativamente grande, mas não intimidante e, enquanto esperava, tive de ouvir todo o tipo de comentários boateiros: “Já não há bilhetes!”, “Já só há bilhetes a 30 contos!”, "E, agora, desistimos?", "Eu bem te disse que devíamos ter vindo mais cedo, mas chegas sempre atrasado do escritório!". 
Em vez de se calarem e esperarem a sua vez, sem tanto chinfrim, não! Armaram-se o tempo todo! Imaginei que poderia tratar-se de um ritual tipicamente lisboeta e não me exaltei. Pensava na hipótese de adaptar este sururu a um sketch. Ia ficar giro!

Quando penetrei no recinto, pensei estar a entrar num estádio de futebol. 
Como ia sozinho, arranjei de imediato um bom lugar. Os lugares estavam divididos por cores: vermelho, verde, azul escuro e azul cueca. A mim, calhou-me esta última. 
A zona das cadeiras de orquestra mais parecia um jardim zoológico do que uma zona vip: casacos com pele de tigre, sapatos à base de pele de crocodilo, carteiras de pele de cobra, cachecóis de rabo de macaco... 
Enfim, a bicharada também foi à ópera!!
Foi até por causa dos bichos que o espectáculo se atrasou mais de meia hora.

15 dezembro 2014

Crer ainda ...



Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,

Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,

Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,

Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o amor tem asas de ouro. Ámen.


Natália Correia


Das saudades que tenho dos teus sonhos de um futuro radioso!
Da incompletude.
Tua e minha, meu filho.