08 julho 2013

Serenity now!!!



Sou aranha envolta num labirinto de espaços e tempos e vidas.
Minhas, dos outros, intersectadas.
Todas distintas.
Vidas em tempos vividos.

Do presente, nada mais que uma estreita fresta.
Que me esmaga.
Outras vezes, me ilumina e retém presa aos olhos escuros e meigos dos meus netos.

Do futuro, nada! É uma parede em branco.

Nos meus dias labirintos de desencontros paralelos, cruzo caminhos de agora.
Inesperados, os antigos caminhos iluminam-se na esquina da vereda e, logo, as vidas e o último tempo certo.
Abandono o caminho que seguia e persigo a sombra do meu ser seguro ...
De olhos vendados, regresso sempre lá, onde me sentia gente!
Em sangue mas serena no guião da tragédia que me coube representar.
Regresso sem vacilar.
À tua forma assertiva de gostar de mim!
Apesar do depois.
E do acto falhado na personagem que escolhi representar na vida - ser mãe.
Aguardo junto à porta da dor que não atravessei.
Tenho medo de pisar o vulcão da intolerância, ingratidão, incompreensão.
Protejo-me das palavras flechas.

Continuarei por detrás da porta entreaberta.
É o meu esconderijo silencioso e calmo.
Onde me reencontro com a tua serenidade.
Ferida de saudade.
Onde choro e me sinto bem.
Onde engulo o ranho da culpa e da falta de coragem por não ter feito ... certas coisas ... de outra forma.
Indizíveis.
Onde o coração amedrontado se defende de fúrias e desamores latentes.
Vindos por altura do poente.

Recuo, assustada, no confronto com a agitação dos dias.
Sem força, dou um passo atrás e outro.
Está uma penumbra calma ...
...
Ah, se viesses e me puxasses pela mão!!


Sabes, David, nunca contei a ninguém.
Quando a avó se cansou, em Dezembro, eu disse-lhe, baixinho, ao ouvido, enquanto lhe fazia festas na cabeça "Mamã, dê a mão ao David! Está aí, vá com ele ..."