13 dezembro 2012

Outras saudades ...


E, agora, mamã?
Tinha mais um cachecol para terminar, sentada à sua beira ...
Amanhã, no hospital
Vigiaria o seu respirar
Chegar-me-ia a si para ouvir a sua voz baixa
Mas a sua voz
Perguntar-me-ia pela Alice pequenina e pelo querido Miguel
Eu havia de mostrar os filmes que fazia
Onde o Miguel, a dizer-lhe 
"Olá, Alice ... depois vou-te visitar!
E a repenicar dois beijos
Para si
Do outro lado do écran
Onde a mamã estava, mesmo assim ...
E donde retribuía o beijo, enquanto estendia a mão
Para lhes afagar a face.
Como se eles estivessem ali
Ao alcance dos seus dedos estendidos.
Mas ainda a sua mão estendida ...
Com um sorriso cansado
Mas o seu sorriso ...
E eu repetiria as histórias do Miguel
Do "querido Miguel"
Como a mamã dizia.
E depois, um "até amanhã, mamã!"
E a certeza ou a esperança da certeza de que regressaria a casa da Nini.
E o papá à sua espera
Para retomar os dias ...

E agora, mamã?
Partiu há bocadinho e eu tenho, já, tantas saudades do seu olhar e da outra parte do David que levou consigo.

E agora, mamã?












3 comentários:

joana maria costa disse...

lamento muito, mais uma estrelinha a brilhar no céu!!!!!!!!

Branca disse...

Fico tão triste Isabel. Gostava tanto dessa senhora mesmo sem a conhecer pessoalmente. Já tinha deixado um abraço terno de amizade para si e para a mana no próprio dia, na página da Ana Cristina. Procurei-a no facebook e aqui, mas não fui capaz de escrever antes que fosse a Isabel a fazê-lo porque imaginei que os primeiros momentos teriam que ser de muito silêncio, eram talvez um reviver de uma dor a dobrar.

Por isso não disse nada, deixo agora um beijinho imenso e a minha solidariedade amiga, sempre.

Branca

Silenciosamente ouvindo... disse...

E agora mamã? E agora mamã coragem?
Cada qual é como é, mas Helena
Sacadura Cabral morreu-lhe um filho,
e parece que nada lhe aconteceu...
Já a vi vestida de vermelho, anda
de sitio em sitio a promover os
seus livros e se lesse os posts
dela no seu blogue verificava
como a perda de um filho foi...
uma coisa quase natural!!!
Tenho lembrado imenso a sua situação.
O seu filho era lindo...
Um dia se acreditar...irão
encontrar-se...e no entanto
ele nunca partiu...está em tudo
o que você mexe ou respira.
Sei que o momento é mais difícil,
se possível, por experiência própria, mas não quis deixar de
vir aqui, de estar um pouco consigo
e apenas lhe deixo a minha MUITA
estima e amizade num beijinho.
Irene Alves