09 dezembro 2011

Wrong Side of the Road


Um amigo que morreu.
Como folha que se desprende e cai, sem voar, das árvores do outono.
Uma amiga que se despede de mim ... porque sabe que vai morrer.
Diz que não tarda.
E a saudade mais pesada de ti.
Mais dorida ainda.

A cabeça vazia de pensar, a latejar de impotência e nostalgia do passado ... desta dor, que procuro controlar.
Sei que sou capaz!
Porque sou duas.
Três.
Não tarda ... quase quatro!
E choro lágrimas que se misturam com a água com que molho os olhos. 
Porque sei que não regressas.
Nem hoje, nem no amanhã de cada dia.
Porque não sei o que se diz a alguém que se despede de nós e nos diz "Gostei de te ter como amiga! ..."
Mesmo assim, respondo.
Que não fale no passado! 
Ninguém aprendeu, ainda, a cavalgar a seta do tempo!
E que guarde, se puder, um sorriso para a mãe que eu sei, perdida, ao lado dela.
Como eu, perdida também, ao teu lado...
E tu ... "Mamã, vamos dançar?"

Dizem que é quase Natal e folheio a tua última prenda - Poemas para a minha mãe.



7 comentários:

manuela baptista disse...

wrong side of the the road

right side of the word


gosto

de

estar

aqui


um beijo

Isabel Venâncio disse...

Obrigada, Manuela

Tão bonito e sensível ... como sempre.
Um abraço amigo

Irene Alves disse...

Amiga, eu costumo vir aqui em
silêncio, hoje quero apenas
dizer-lhe "FORÇA" e um grande
beijinho.
Irene Alves

Branca disse...

Aconteceu-me o mesmo Isabel, com um amigo por estes dias e é tão difícil saber o que dizer, mas dissemo-nos mutuamente "encontramo-nos por aí..." e patiu e encontramo-nos... Como bem sabe os ausentes estão paradoxalmente mais presentes.
Mas, tenho vergonha de dizer isto aqui, onde existe a saudade de um filho - filho é uma palavra especial, é um ser que nos transforma para sempre.

Venho ali do facebook, porque ia lá falar-lhe de um outro assunto, mas vou já, agora deixo-lhe aqui o meu abraço de mãe, enorme, terno, quentinho, para aquecer mais um pouco este Inverno.

Beijos
Branca

rita nunes disse...

a saudade dói... mata silenciosamente... corrói o nosso interior... e quando todos acham que o tempo cura... mais aguda é esta dor... mais forte e sufocante é a saudade...
que a vida traga a todos um pouco de paz de espírito... pois é díficil pensar no ontem, no agora e no amanhã quando nos falta uma parte de nós... sentimo-nos amputados...
bj

venho muitas vezes aqui e tenho o seu livro no meu quarto e leio muitas passagens... para ter coragem para continuar e ajudar a continuar os que estão perto de mim

Isabel Venâncio disse...

À Branca, à Rita, à Irene, à Manuela e outros que têm a bondade e paciência para ouvir os meus desabafos, nesta minha casa que se chama "da Venância" ... mas deveria chamar-se "do David" - o meu desejo sincero de um Natal sereno.
Um beijo a todos.
Isabel Venâncio

Branca disse...

Um Natal muito sereno para si também Isabel, aperoveite bem a alegria das crianças e dos mais novos. Fiquei muito feliz pela novidade que soube por estes dias, é a família a crescer.

Beijos