13 novembro 2011

Encontros por aí ...

Tenho fugido. 
De mim. 
Do medo que permanece. 
Do medo do medo que pode regressar, se eu voltar inteira a mim. 
De vir aqui. 
De tantas saudades para este apertado espaço etéreo. 
Ligado ... a nada.

Mas se é o que sobra ... venho para te dizer que ontem ouvi falar de ti. 

Porque se trata de ti, quando um aluno diz, na aula da tua madrinha adoptiva, a Helena, que vai apresentar "o livro - Mamã, vamos dançar? - da minha ex-professora de português, Isabel Venâncio".
(Teria 11 anos quando tudo aconteceu! Foi há quase 5 anos!)
E falou desse livro aos colegas ... 
Falou de mim ... falou de ti!

Porque se trata de ti, quando uma desconhecida me aborda  e me sorri e me pergunta se me pode dar um beijo. E dá! E eu sei que tem de ser a tua recordação ... entre nós!
E só depois me diz que me viu na televisão, que fixou as nossas caras, que me ouviu e leu o livro.
Que te admira!
E ficamos ali, duas desconhecidas, a falar de ti!

Despedimo-nos; não devemos voltar a encontrar-nos.
Vive em Coimbra.
Tem o filho, que vive com ela, ali, à espera e tem uma outra filha. 
Acrescenta. São dois!
Sorrio-lhe ... enquanto os olhos choram; percebo o que me quer dizer.
Sim, eu sei!
Apesar de perdida na amálgama de saudades, de amargura e dor ... tenho outro filho ... tenho um neto ... tenho sorte!
E penso nas mães de um só filho.
Apesar de todos os filhos serem filhos únicos.
Como tu!





2 comentários:

Ana Mestre disse...

Olá Isabel

Por vezes, quando estou a falar da minha filha, tenho receio que as pessoas pensem que quero fazer o papel de " coitadinha ". Não, não é isso, eu tenho uma necessidade enorme de falar da Rita, tudo me faz lembrar a Rita, e seja qual for o assunto tenho sempre uma história com a Rita.
Eu amo e adoro as minhas duas filhas, mas neste momento é como se eu só respirasse Rita, isto é mais forte do que eu...
Como sabe Isabel, não existe no mundo palavras que nos confortem, no meu caso as únicas palavras que me dão um pouco mais de alento é falarem-me da minha filha, do quanto gostavam dela, do quanto ela era ( é ) especial, e deixarem-me a mim falar dela, recordar todas as coisas boas que ela fez, do quanto ela era amiga do seu amigo, do valor que ela dava á família, do quanto ela é e vai ser sempre especial para mim, enfim, Rita, Rita, Rita...

Que os nossos filhos descansem em paz...

E, para si um abraço bem apertado, de mãe para mãe.

Ana Mestre

Branca disse...

"Apesar de todos os filhos serem filhos únicos. Como tu!"

É tão verdade isso Isabel. Vi a minha avó amar loucamente toda a vida o filho mais velho que morreu com 21 anos e amar tanto todos os outros, a mim própria que era a neta mais velha e nunca me senti tão incondicionalmente amada por ninguém.

Tenho dois filhos e cada um é tão diferente e único, por isso compreendo o que diz. Falar dos que perdemos é bom, faz-nos bem e trocar essas impressões com outras mães é também ensiná-las e prepará-las para todas as eventualidades, é ajudá-las a crescer e a valorizarem cada momento junto dos seus filhos.

Beijinhos para si.
Branca