18 outubro 2011

Direito ao sol?

O David morreu.
E eu continuo sem saber como o deixei morrer.
Há coisas que não podem acontecer!
E não sei como não o consegui evitar.
Foi um terrível e irremediável engano!
Talvez tivesse bastado que eu tivesse continuado a olhar por ele ... como quando era criança.
Mas não!
Deixei-o crescer e lutar por quem queria ser.
Confiei e entreguei-lhe nas mãos as rédeas do futuro que sonhava ter.
Descobri (tarde demais) que os filhos devem ser sempre olhados, discretamente, pelo cantinho do olho, ... como fazemos desde o dia em que os vemos nascer.
Tivesse eu visto, com olhos de ver, o olhar pálido do meu filho ... uns meses antes!

Agora, é com o tempo, esse meu Golias rude e brutal, que tenho de conviver.


O David morreu há 4 anos.
Anos ... que eu conto pelas noites de insónia.
Por isso, o meu filho me morre todos os dias.
Ontem, tal como hoje.
Tal como amanhã.
O sol não vai nascer para ele.


Que direito tenho eu à luz do sol?
Se a claridade me cegou ...




2 comentários:

manuela baptista disse...

se o tivesse continuado a maternalizar

o David alguma vez seria a pessoa que É?

um beijo, Isabel

manuela

Ana Cristina disse...

Tenho de olhar sempre pelo cantinho do olho, obrigada por me lembrares, porque tu olhaste sempre de olhos bem atentos!
Hoje, mais uma vez, estava sol e muita luz em Moledo.
Bjis da Nini*