02 agosto 2011

No escuro da casa.

O sono solta-se.
Desço a rampa no escuro, por entre as paredes brancas.
Como tantas vezes desci para te velar o sono, para ver se o teu quarto estava quente e confortável.
Para te dar um medicamento, calhado a desoras.
Sempre no escuro, por entre as paredes brancas ...
É, outra vez Moledo, em Agosto.

Não durmo. Regresso ao teu último Agosto, em Moledo.
Àquele Agosto em que o som do mar, ao fundo, era calmo.
Aos dias em que me sentia, ainda, confiante na cura e cuidava das minhas plantas, empoleirada nos muros do jardim.
O reflexo do sol nas casas brancas do monte aquecia-me os olhos; dizia-me que o pior tinha passado.
Confiava no brilho das estrelas e da lua no céu, sem levantar a cabeça. Sentia as estrelas cadentes, minhas aliadas, tuas protectoras.

É outra vez Moledo, em Agosto.
Tudo passou e nenhuma promessa foi cumprida pelo mar ou pelo o sol; ou pelas estrelas lá no alto.
E o sono anda à solta.
Perde-se na saudade do teu sorriso confiante, nesse mês de Agosto distante.
Que estende os braços e me toca e me amarra ... como se fora, agora.
Ao descer a rampa, em busca de nada.
Nem de uma estrela cadente.






Sem comentários: