18 maio 2011

Outra vez!

18
O meu acordar sente que são dezoito.
Mais um mês a interpor-se entre nós.
Mais tempo.
Mais dias de espanto.
Mais lonjura.

18
Revejo-nos; eu, num estranho delírio silencioso; tu, em estranha serenidade.
Uma placidez que não compreendo.
Que me assusta, nesse respirar ... suspenso.
Perco-me, então, nesse abismo vazio, branco e pesado.
E estendo a mão para a tua imobilidade.

18
Sinto mais. Demais.
Tudo!
Saudade, dor, exaustão de tentar convencer-me que não voltas.
Dia após dia ... viver sem ti.
Sei que não!

18
Recuo no tempo, recuo até ti.
Até essa mão esguia que aceitava a minha.
Até aos teus olhos feitos de sorriso, ironia e tolerância.
Que já não olham para mim.
Gostava do teu olhar porque não o desviavas dos meus olhos.
Nem dos olhos de ninguém.
Era um desses olhares límpidos, frontais, francos ...
Tão raros.

18
Tenho saudades de ti, meu filho David!
Pouco me importa se o repito.
Pouco me importa que estranhem que me exponha.
Pouco me importa muito.
Fiquei assim!
Mãe sem um filho.
Até sempre mãe, ... desse filho (que se foi) também.
É contigo que falo aqui.
Também comigo.
Tenho tantas saudades de ti, meu filho!
Da tua mão.
Do teu olhar.
"Mamã, vamos dançar?"





1 comentário:

Anónimo disse...

Isabel

Tenho visitado o seu blogue com alguma regularidade mas raramente comento por não saber o que dizer.
Mas gostaria que algum dia a sua Dor se atenuasse ou algum sentido no falecimento do seu querido David encontrasse.
Volto, no entanto, a afirmar o que sempre disse: comove-me a sua Dor e a sua insubmissão.
E estou convicto que,nalguma volta desse destino impiedoso,um dia reencontrará o seu amado David, com a mesma limpidez de olhar como sempre o conheceu.

António