02 fevereiro 2011

Na estrada


Hoje, saí por aí. 
Em busca de nada pois nada procuro.
As lágrimas foram amolecendo a saudade.
O traço branco da estrada fugia-me no sentido contrário.
Desaparecia à medida que eu avançava com a vista nublada.
É assim a vida?
O traço branco da estrada esbateu a permanente incompreensão pela tua perda.
Regressei, então.
Os olhos plácidos



NEVOEIRO
Jorge de Sena

O nevoeiro
Roeu teu vulto negro
E eu vi bem
Que não te debateste nos seus braços
E que lentamente ele te bebeu.

Eu compreendo
A tortura que sofre o nevoeiro,
A tortura que a água sofre e geme.
Sim, nós não podemos beber
A essência, o móbil de nós mesmos;
A água não se pode beber a si mesma
Portanto morre de sede.

E chora e geme e procura-se
E vem em nevoeiro
E sobe
E desce
E envolve os vultos negros
E bebe-os …
Dissolve-os …

Porque deixaste o nevoeiro rodear-te?
Para quê dar de beber ao nevoeiro?

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