17 junho 2010

...

Hoje, dei por mim, a chorar numa caixa do Continente ... apenas porque a música de fundo tocou em fios sensíveis da minha saudade.
Já não sei que música era!
Certamente, uma daquelas que tinham o ritmo do David.
O ritmo daquele tempo!
Agora, teríamos outros sons, cá em casa ... ou no carro, sempre novos, sempre excelentes ... Diferentes!

Pontualmente, ainda faço um esforço para me passear pela FNAC e pôr os auscultadores nos ouvidos, como o via fazer ...
... mas não descubro.
Chama-se imitação dos gestos!
Era preciso ter o "feeling" musical do David.
E não tenho ...
E procuro outras formas de resistir à passagem do tempo sobre as memórias desse tempo!
Que foi cruel e tão duro ...
Mas esse era o tempo em que o David existia, ainda.
Enchendo a casa de sons, logo pela manhã ...
Gritando "gooooolo!", quando a "nossa" equipa entrava na baliza.
Era um "gooooloo!" que se ouvia, por toda a casa !

Agora, "procuro-o" de outras formas.

Mudar a pilha e a pulseira do relógio do David.
Poli-lo para que se mantenha em bom estado.
Tenho tanto medo que se estrague!
Uso-o, desde que ele morreu.
Tal como uso os pijamas dele ... que adaptei à minha altura.
Tal como uso o chapéu que o protegia do sol e, agora, me protege a mim.
E ouço a voz límpida e bem articulada, na apresentação dos programas do Jazz Faz Tarde.

Tolices! Pensarão alguns!
São saudades!
E cada um reinventa a força de viver ... como pode.

A voz dele ... continua jovem, bem disposta ... como sempre, quando falava de música ...
Eu estou tão distante, tão mais velha!
Tão mais triste!
Há quem lhe chame serenidade!!
Poderá a tristeza confundir-se com serenidade?
Será que isso importa?




Olá caros ouvintes, bem vindos a mais um Jazz Faz Tarde.

Hoje vamos falar sobre uma jovem cantora chamada Lhasa de Sella que não é propriamente uma cantora de jazz mas é uma cantora que se inspira no jazz.

Lhasa nasceu em Nova Iorque, filha de pai mexicano e de mãe americana. A sua familia viveu num autocarro escolar convertido em roulotte e viajava por toda a América, México e Canadá. À falta de televisão Lhasa lia, escrevia e cantava para a familia.

Aos 20 anos de Lhasa, a sua familia parou no Canadá onde conheceu o guitarrista Yves Desrosiers que passou a ser o seu colaborador musical a tempo inteiro.

Só conheço um albúm de Lhasa que se chama “La Llorona” e tenho, acreditem imensa pena de nunca poder ter visto este grupo actuar ao vivo.

Penso que não é possível alguém ouvir este disco e continuar o mesmo, é fortíssima a expressão com que Lhasa canta. Ouçam ... que Jazz Faz Tarde!

David Sobral




2 comentários:

Jaime Latino Ferreira disse...

TRAVESTIMENTO


O ritmo de David
o seu feeling
é uma tolice pura
travestimento
força de viver

E depois
que o sejam os teus também


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Junho de 2010

manuela baptista disse...

não

serenidade não é tristeza!

serena sou eu e não sou triste

fique sabendo Isabel, que foi graças ao David que ouvi e conheci Lhasa de Sela, não agora, já há uns tempos atrás no you tube, claro!

aprendemos sempre alguma coisa,

um beijo

Manuela