22 julho 2009

Isto e aquilo



Mas o sossego não vem; nem a serenidade volta.
Uma barreira impede-me de ver mais além; não me importo.
Que veria? Nuvens por cima de mim e uma pesada nostalgia.
E o tempo, sempre o tempo a teimar em me empurrar por este plano inclinado do futuro... e eu a resistir; a tentar não avançar.
O tempo afasta-te e eu recuo.
Afasta-se mais e eu recuo mais.
Sem uma asa invisível para me abrigar e repousar desta viagem contínua entre este agora, a que ainda pertenço, e o antes, o quase há pouco, a que estou presa pela ordem natural das coisas.
Pertenço aqui e pertenço lá.
É possível?
Pois se é assim que vivo!

Não peço que me compreendam.
Apenas que me façam companhia...
Não peço que me consolem.
Apenas que me contem histórias, fora de qualquer moral ou sentimento de culpa.
Não peço que me apontem tudo o que tenho aqui.
Sei bem o que tenho aqui...
É muito.
Por isso, fico.
Quase inteira.
Aqui.

Embora eu me empurre, continuamente, de lá, onde me perco e me quedo, a qualquer momento de súbita saudade.

Sou isto, duas.




Ben Monder

Olá, caros ouvintes, bem vindos a mais um "jazz faz tarde".


O convidado do programa de hoje é o guitarrista Ben Monder. Este senhor é jovem mas já é uma referência para os novos guitarristas. É um inovador no que diz respeito ao som de guitarra eléctrica.

Ben Monder trabalha quase sempre como sideman e espero que ainda se lembrem do que é um sideman.
Entre muitos outros músicos e grupos, Ben Monder faz parte da orquestra da compositora Maria Schneider.
Ben já gravou discos em nome próprio ou a solo, como quiserem: Flux, Dust e Excavation são os nomes dos seus discos.

Oiçamos o Ben Monder e até logo que...jazz faz tarde.

David

5 comentários:

jaime latino ferreira disse...

SIDEMAN


Sou assim uma espécie de sideman, artista convidado e que não sabe como recusar o convite a estar presente na Sua Orquestra, Isabel e a deixar nela a minha marca!

Estou, agora sim (!), bastante melhor e só desejo que a minha Amiga encontre o Seu lugar, este é-o por certo (!), entre o Passado e o Futuro num tempo mais ameno que nele se faça sentir.

Estou a deixar cair os blogues com os quais por sistema interagi para me concentrar ainda mais no meu, mas aqui, a este Seu, dificilmente conseguirei resistir.

Nele se aprende e não é pouco!

Um beijinho


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Julho de 2009

Anónimo disse...

Isabel..não é a única, embora a sua seja só uma e exclusiva.
Bj,MM
"Um poema de Canon Henry Scott Holland

A morte não é nada,
Eu estou apenas noutro lado,
Eu sou eu, tu és tu,
Aquilo que éramos um para o outro,
Continuaremos a ser
Chama-me, como sempre me chamaste,
Fala-me, como sempre me falaste,
Não mudes o tom da tua voz
Nem faças um ar solene ou triste
Continua a rir daquilo que juntos nos fazia rir
Diverte-te, sorri, pensa em mim, reza por mim,
Que o meu nome seja pronunciado em casa,
Como sempre foi
Sem qualquer ênfase, sem qualquer sombra.
A vida significa o que sempre significou,
E continua a ser o que sempre foi,
Porque é que eu estando longe do teu olhar,
Estaria longe do teu pensamento?
Espero-te, não estou muito distante
Somente do outro lado do caminho,
Como vês, tudo está bem..."

manuela baptista disse...

COMPANHIA

Venham devagarinho puxem uma cadeira baixa ou sentem-se no chão, apesar de a relva estar um pouco húmida com a frescura deste dia que não parece Verão mas é, com a frescura desta noite que não parece noite, mas é.

Calaram-se os melros que toda a tarde brincaram e saltitaram nos telhados ou deslizando pelas folhas das palmeiras, como meninos em escorregas verdes, planos inclinados de aves frágeis, também elas empurradas para o futuro, mesmo que esse futuro tenha o tamanho exacto de um simples Verão.

E antes do piar das invísiveis corujas que chegam sempre mais tarde, deixem falar o coração e digam palavras simples, descomplicadas, ingénuas e tímidas.

Apenas consola o que está consolado, apenas dá paz o que está em paz, apenas faz companhia o que se sente acompanhado.

"Façam-me companhia" é o convite mais bonito que se pode dirigir a alguém e eu que tenho por hábito andar por aqui e deixar-me ficar para o fim, não sei porquê, talvez porque não tenha pressa, talvez porque os outros me inspirem com a palavra certa, vim a correr chamá-los e convidá-los a fazer assim esta espécie de roda concreta, consistente e espessa.

Venho aqui Isabel, fazer-lhe companhia e esperar que hoje sejam muitos os que parem, mesmo que em silêncio e lhe contem também uma história simples ao som dos violoncelos da sua orquestra.

Com um abraço

Manuela Baptista

Branca disse...

Querida Isabel,

Os dias loucos de trabalho que se vivem neste país porque não se dá trabalho aos que precisam, mesmo quando muitos se aposentam e o trabalho sobra para os outros e o cansaço acumulado e as férias que ainda estão para chegar têm feito com que a minha ausência aqui seja longa, mas a ausência é só aparente, vou espreitando e lendo sempre que posso.
Vi esta carinha lá no meu sítio e vim olhá-la de perto.
Logo, logo volto.
Beijinhos

António disse...

"Tens de ter muita paciência, respondeu a raposa. Primeiro, sentas-te um pouco afastado de mim, assim, na relva. Eu olho para ti pelo rabinho do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, de dia para dia, podes sentar-te cada vez mais perto..."

“O Principezinho” de Antoine de Saint-Exupéry