16 maio 2009

Luz



Moledo
Foi aqui que li o que a Olga diz do David.
Conheceu-o durante tão pouco tempo e, no entanto, tão bem.
Sei que é verdade o que diz e faz - que a forma mais justa e certa de nos lembrarmos do David é aproveitar cada minuto, cada bocadinho de tempo que nos é dado.
Foi essa a mensagem que o meu filho deixou, na forma tão luminosa como viveu o que lhe restou para viver!
A minha admiração por ele foi aumentando, a par do tempo que se esgotava e nos restava.
E ele soube-o sempre; que eu admirava a coragem dele; que todos o admirávamos enquanto assistíamos, pequeninos na nossa dor, ao agigantar desse David perante o seu Golias.

Mas eu não tenho essa grandeza de que a Olga fala.
É ela que está certa, na justiça que lhe faz.
Talvez um dia...
Vou devagarinho.
Ou talvez não vá, nunca...
A saudade é imensa e sobrepõe-se a tudo (não a todos...), quase sempre.
Anda aqui, encostadinha a mim.
Não sei.

Sei que tenho um filho que é pai grande (como são sempre os pais...) de uma criança de olhitos alegres, inteligentes e marotos e de um sorriso aberto.
Acho que, de certa forma, encontrei uma forma de viver paralela à da Olga e, de certa forma, intensamente.
O olhar para o meu neto, que me sorri, sempre que lhe sorrio.
Tem um olhar luminoso.
O meu neto.

Um grão de areia

5 comentários:

Jaime Latino Ferreira disse...

TUDO E TODOS


Diz a Isabel:

" A saudade é imensa e sobrepõe-se a tudo (não a todos...), quase sempre. "

Ela poderá sobrepor-se a tudo mas não a todos ...

E todos têm mais força do que tudo e é a eles, a todos que a saudade os irmana.

E mesmo se não tendo conhecido o David!

Já viu, Isabel, como ele se derrama de Si própria!?

A luz somos nós, a Olga, o seu filho Sérgio, o seu neto e começando por Si que mantemos acesa.


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Maio de 2009

António disse...

A Morte não consegue nada contra o avivar da Memória nem contra o sentido esotérico da inocente luminosidade do sorrir...

Olga Almeida disse...

A Isabel sempre teve e terá essa grandeza de viver, porque também faz parte de si, como fazia parte do David. Acho que está a fazer tudo da melhor forma que sabe e consegue, neste momento. Não interessa o tempo.
Onde se vê melhor todo esse viver é nos olhinhos do Miguel. É um menino feliz, não só pela dedicação e empenho dos pais, mas também da avó e do avô.
A saudade do David fará sempre parte deste percurso que é a vida.

Beijinho
Olga

Ana Cristina disse...

A luz somos nós?
Quero acreditar.

Beijinhos.
Nini

manuela baptista disse...

Luz Pequenina

À noite
acendo a luz
que brilha
nos teus olhos
e a casa aquece
só de te sentir
pequenino
doce
enroladinho
em ternura
promessa terna
do que está para vir

Manuela Baptista
Estoril,18 de Maio de 2009

Uma luz pequenina não é a que consome menos, é a que brilha mais.