13 maio 2009

dia a dia



De manhã, vem o acordar apressado, de sonos profundos,
quase sempre sem sonhos.
Com o avançar da manhã, surgem imagens,
ainda lentas e melancólicas.
Como se viessem de longe, num passo arrastado.
Mais tarde, as nuvens do passado, agora, já nítido e presente,
instalam-se, num rodopiar de tristezas soltas.
E a tristeza vai, com o escurecer do poente ou à luz dos candeeiros da rua,
ficando cada vez
mais triste.
Cada vez mais sonolenta
de saudade, que não se esgota.
Cada vez mais ansiosa
pela invisibilidade
e murmúrios da noite.
Que escorrega para novo acordar estremunhado...
mas não me prende.




Bobby Hutcherson

Olá caros ouvintes esta semana o instrumento em destaque é o vibrafone e o tocador deste brilhante instrumento chama-se Bobby Hutcherson.

Bobby também toca marimba que é da mesma familia do vibrafone. Bobby começou por ser um entusiasta do free-jazz mas depois tornou-se num simpático estilista inovador do hard-bop, estilo subsequente do be-bop.

Bobby tocou com muitos músicos ao longo da sua carreira e tem um disco dele que recomendo e que se chama simplesmente “Jazz”.

É um tema deste disco que hoje vamos escutar, ouçam com cuidado e até logo que...

4 comentários:

jaime latino ferreira disse...

TRÉMULO TRISTE


O vibrafone é um instrumento musical inventado no século XX. É um idiofone composto de diversas teclas de metal com altura definida, montadas em um suporte sobre tubos que servem para amplificar seu som e também agem como ressonadores. É utilizado principalmente no jazz, aparecendo também em diversos outros gêneros populares e também na música erudita.

O vibrafone é tocado por percussão com baquetas. O músico pode utilizar de duas a seis baquetas revestidas de lã ou feltro para produzir melodias e acordes. O nome vibrafone deriva do seu mecanismo de funcionamento. Em baixo de cada tecla há um ressonador, um tubo metálico oco sintonizado para a freqüência de cada nota, com um disco de diâmetro um pouco menor que o do próprio tubo em seu topo. Os discos de cada tubo estão conectados a um eixo e podem girar movidos por um motor eléctrico. Quando o motor é ligado e uma tecla é soada, as notas apresentam um efeito de trémulo, causado pela abertura e fechamento rápido dos tubos pelos discos que giram. O músico pode variar a velocidade de rotação, controlando o efeito de tremolo. Com o motor desligado, os tubos ficam abertos e o vibrafone apresenta um som semelhante ao de um sino.

( in Wikipédia )

Do xilofone ou do metalofone ...


Como peixes cataventos
Pássaros inebriantes
Rodopiantes
Vibram tuas tristezas
Soltas
Que não se prendem
Trémulas
Ocas
No sono da saudade
Que não se esgota
E que me toca


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Maio de 2009

António disse...

Sobre os sonhos:

"Desde o tempo em que era pequena,ela sabia que iria ter uma criança especial chamada David.Cresceu,casou-se e teve duas filhas,mas nenhum filho.Chegou aos trinta e cinco anos e começou a ficar cada vez mais preocupada.Onde é que estava o David ? Num sonho muito nítido,um anjo apareceu-lhe e disse:"podes ter o teu filho,mas ele só poderá ficar contigo durante dezanove anos e meio.É aceitável para ti ?A mulher concordou.Uns meses mais tarde,ficou grávida e David nasceu-bondoso,sensível e cheio de amor."Uma velha alma" como ela dizia.Ela nunca contou o seu sonho a David,nem lhe falou do acordo com o anjo.Aconteceu que ele morreu aos dezanove anos e meio vítima de um tipo raro de cancro no cérebro.Ela sentiu-se culpada,angustiada,esmagada pela dor,revoltada.Porque tinha aceite a proposta do anjo ? Seria ela de alguma forma responsável pela morte do David ? Um mês depois da morte do David,num sonho vívido,o anjo reapareceu.Desta vez o David estava com o anjo e disse-lhe:"não sofras tanto.Eu amo-te.Fui eu que te escolhi.Tu não me escolheste" E ela compreendeu."(Brian Weiss,"Só o Amor é Real")

manuela baptista disse...

O Pássaro-Peixe

O Pássaro-Peixe é um ser dividido e pouco compreendido pelos pássaros, pelos peixes e pelos homens.

Quando está no ar, a cabeça entontece de tanta liberdade, fura as nuvens em cambalhotas de lata, solta as tristezas e apanha-as em seguida com medo de as perder.
Mas rapidamente fica inquieto e sente saudades da água.

Quando está no mar, nada como um louco, agita as barbatanas recortadas, esconde-se entre as anémonas, visita os bancos de coral, assusta-se com os navios fantasma e quando chega ao fundo, bem ao fundo, sente saudades da tristeza do anoitecer e dos murmúrios da noite.

E é assim que o Pássaro-Peixe aprendeu a viver cada dia, profundamente, entre dois pólos.

Manuela Baptista

Olga Almeida disse...

O nosso David era um David como o do texto do António. Era um ser humano fora do normal, muito atencioso, muito meigo, muito especial, com um sentido de humor muito apurado. Por isso, todos nós ficamos a dever-lhe algo muito importante, a nossa vida. De certa forma fiz um compromisso com ele, algo que só se percebe quando se gosta muito de alguém, VIVER intensamente, aproveitar todos os minutinhos do ar que respiramos. A meu ver só assim conseguirei retribuir tudo aquilo que ele me ofereceu, sem pedir nada em troca.

Beijinhos
Olga