10 janeiro 2009



Vou andando sem olhar em frente.
Desconheço o caminho; é a própria vida que me guia.
Querer conhecer o percurso?
Para quê?
Tudo será sempre o que tiver que ser.
No final de cada espectáculo, saberemos.

Perante o palco vazio, escuro e frio.
As cortinas corridas.
Foi preciso sair.
Saí. Mas não só...

A parte de ti que trouxe detrás, carrego-a sem esforço...
É um farol que brilha na névoa da memória.
É calor, ainda.
Mesmo vindo de longe.
É calor que me amacia o coração e me torna mais humana.
Apesar da dor.

Não tenham pena de mim.
A saudade e a tristeza são o preço que tenho que pagar.
Não me pesam.
Não as calo.
É assim que quero que seja, enquanto for...
Sem elas, ter-me-ia tornado um tronco oco e seco.
Porque o nada, esse sim; esse destrói os corações.


2 comentários:

Anónimo disse...

CALOR


Donde vem ele

Do Sol

Do ventre da terra mãe

E mais

Donde vem ele e mais

Senão seria frio

Gélido e sombrio

E mais

Donde vem ele se do sonho

Do amor que carregais


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Janeiro de 2009

Anónimo disse...

Muito lindo este texto Isabel!
Denota a maturidade de quem sabe que a vida é um dia de cada vez:
"Querer conhecer o percurso?
Para quê?", porque como diz é o nada que destroi os corações, não o sofrimento e a dor.
Só tem saudade quem muito ama e apesar de tudo o amor mantem-nos vivos.
Passei por cá há dias e li "A Leveza das lágrimas", não consegui encontrar palavras para comentar, mas está na mesma linha do que aqui afirma.
Tenho a certeza que depois dessas lágrimas também existem muitos sorrisos para o seu neto e para os seus outros amores.
É quando estamos sós e nos encontramos connosco que tudo submerge, mas as lágrimas ajudam a curar, lavam a alma, como é costume dizer-se.
Beijinho grande.
Branca