13 novembro 2008

Diário


Óleo da minha amiga Lucília Figueiredo


Terminei o livro

diário

percurso da tua doença

nossa vivência

da tua coragem

da minha luta

do teu carinho

da minha secura de olhos

das noites em branco

das mãos que se uniram

dos teus passos determinados

da música sempre presente

de desentendimentos

de calor humano

da solidão

de um convite para dançar

já fora do nosso tempo

da libertação no mar.


Não sou capaz de o reler... Para já!


Fio

No fio da respiração,
rola a minha vida monótona,
rola o peso do meu coração.

Tu não vês o jogo perdendo-se
como as palavras de uma canção.

Passas longe, entre nuvens rápidas,
com tantas estrelas na mão...

— Para que serve o fio trêmulo
em que rola o meu coração?

Cecília Meireles

6 comentários:

Anónimo disse...

Isabel, quando era pequena a minha mãe declarava-me um verso, inocente e leve na altura, .....sábio,para mim, agora: "Tenho uma ferida aberta, quase a cicatrizar, mas cada vez que te vejo, ela começa a sangrar..." e continuava. Não releia já, deixe fechar mais.
Um beijinho,
MM

MM

Anónimo disse...

ÓLEO

Correm no prado selvagens
Os cavalos das pastagens
Deitada olha a menina
Os sonhos de pequenina
-.-
Deitada na erva fina
Sonha livre sua sina
Sonha liberta das margens
Das equações e voragens
-.-
Rubra a cor castas clivagens
Alva é quando se empina
Como um cavalo se inclina
-.-
Deixa-se ir na colina
Perde a toca como às vagens
Que fertilizam imagens

-.-
A propósito de um óleo de Lucília Figueiredo
-.-

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Novembro de 2008

Anónimo disse...

Canção

Tenho um fio
Que me prende o coração
Como um balão de menino
Como o balão do João

E flutua o coração
Como um sonho de menino
Que cansado de brincar
Adormeceu de mansinho

E dança no mar imenso
De estrelas carregado
E puxa-me o fio então
E baloiça o coração

Tenho um fio
Que me prende o coração
Tenho um fio
Preso na minha mão

Manuela Baptista

Estoril,13 de Novembro 2008

Ana Cristina disse...

Será sempre um livro difícil de ler não pela beleza da escrita mas pela dor da perda.

Há dias e dias.
Há dias que não são dias pese embora o sol e a lua de Outono terem brilhado no céu do Porto até à noitinha.

Saudades de ti, David.
Mas também saudades de nós.

1 beijo da Nini.

Anónimo disse...

CHORA

Chora a ferida em aberto
Óh como custa a sarar
Óh se te vejo por perto
Que tristeza em meu andar

-.-

Se não te vejo é certo
Choro lágrimas no ar
E por te ver eu me aperto
Com vontade de chorar

-.-

Ferida é que a sangrar
Me pesa neste meu estar

-.-

A MM e a Sua mãe

-.-

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 18 de Novembro de 2008

Anónimo disse...

Jaime....posso tratá-lo assim...? Desculpe, mas tocou-me e muito! No dia 4 de Outubro passaram dois anos que a minha mãe partiu. Serenamente para ela, bruscamente para nós! E não há dia, nem hora, que a saudade não me invada, que a falta que ela me faz, não se faça sinta!Fiquei na linha da frente...desapareceu a única pessoa, que desinteressadamente, se preocupava comigo ( ou melhor, conosco, filhos e netos!)!
Um grande bem haja, Jaime! Há poucas almas assim!
Para a Isabel, um beijo, bem dentro do coração, sempre.
MM