26 setembro 2008




O meu mundo é feito de gestos inúteis.

Moram em mim caminhos parados no tempo.
São caminhos de medo do que passou e que regressa, a cada instante
Moram em mim mil razões para viver, já mortas, poucos perdões e muitas condenações.
Relembro gestos de desamparo. Gestos doridos.
A saudade revela-me todos os segredos, permite-me situar cada gesto, cada passo, cada vitória, cada derrota e outra derrota.
Cada fim que se repete...e repete.
Cruelmente, desvendam-se todas as alegrias que não passaram de embrião.
Persigo-as, em cada esquina do tempo, ... o que já passou …
Continuo sem compreender o que nos afastou.



Quem se importa?


Quem se importa, quem se importa?
Se não tiveres sucesso
Quem se importa, quem se importa?

Se não viveres sequer

Quem se importa, quem se importa?

Se a tua mãe morrer

Quem se importa, quem se importa?

Se o sol não brilhar

Quem se importa, quem se importa?

Se alguns vão morrer

Quem se importa, quem se importa?

Se eles não têm ajuda

Quem se importa, quem se importa?

Se eles não têm abrigo

Quem se importa, quem se importa?

Se dormem quando caminhamos


Quem se importa?
Quem se importa?

Quem se importa, quem se importa?

Se não tivermos futuro

Quem se importa, quem se importa?

Se não chegar a paz

Quem se importa, quem se importa?
Se o nuclear vier
Quem se importa, quem se importa?


Caso alguém se importe...
David Sobral

1 comentário:

Anónimo disse...

Faça isso.
Coloque os textos dele.
Deixe-me conhecer o David... By imself.
Era, com certeza, um jovem sensível, para além da coragem demonstrada numa situação tão terrível. Que é imaginar-se que se pode ter pela frente, seguramente, muito pouco tempo de vida.
Aos 27 anos!!!
E continuar a viver tão intensamente.
Grande David.
Grande Isabel.
Um abraço
Helena