28 agosto 2008

Por isso, este (des)Norte.


Moledo.jpg

Atravessei o Verão de olhos fechados.
Nem praia, nem mar, nem jardim me fizeram abri-los para o azul imenso ou para o verde do Minho.
Estão no mesmo lugar, bem os vejo; não os sinto.



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Permaneci, de certa forma, ausente e distante, junto de um outro mar manso, debaixo de um outro céu, sufocante; onde nos sentíamos devorados pelas saudades de tudo isto que, agora, tenho.
Afinal, significa tão pouco, sem ti, meu rapazinho.
De que servem a encosta verde e as casas brancas onde o sol reflecte, quando se põe?
Que dizem as gaivotas quando voam, baixinho, sobre a areia, quando o céu se tinge de amarelo?
Era disto que tínhamos saudades…
Agora que o tempo falou mais alto, a verdade revelou-se, crua e certeira...
Afinal, era e é do reflexo da luz do monte e do azul do mar, nos teus olhos, que tenho saudades.
Saudades de ti e dos teus olhos e do que via, através deles também.
Sem eles sinto-me perdida, sem idade, sem certezas que me sirvam de âncora e me fazem falta.
Tenho saudades da certeza do teu carinho incondicional por mim.
Por isso, me dizias "Teria pena de morrer, mas só por ti, mamã! Porque não o mereces!"
Por isso, este (des)Norte.
Sinto-me exposta, frágil...com a idade indefinida do tempo que tudo arrasta e me arrastou.
E, no entanto, estou aqui, não estando por inteiro.
Até quando suportarei estas saudades imensas?
Sem fim…

8 comentários:

Anónimo disse...

Cada vez que a leio, o meu coração aperta-se....e não a conheço!
Um beijinho, grande,grande e quem me dera que pudesse servir de mata-borrão!
MM

Anónimo disse...

MM
A metáfora do mata-borrão é bonita.
E serve-me também de mata-borrão.
Não tenha a menor dúvida.
Não me escrevendo directamente, todos absorvem um pouco das saudades do David, do meu desejo de que todos o conheçam, através de mim e de toda a coragem e força que ele tinha para dar.
É só isso que posso querer. Tão pouco! Mas tanto...
Obrigada
Isabel Venâncio

Anónimo disse...

Um beijinho Grande, Grande, que seria óptimo se fosse apaziguador.
MM

paula machado disse...

olá Isabel

que imagens bonitas que textos maravilhosos como sempre a saudade
passei para lhe deixar um beijinho e desejar um bom fim de semana

beijinhos do tamanho do Mundo

Anónimo disse...

Que texto sentido. Pudera...
Força!!

saudações e um sorriso

Branca disse...

Isabel,

Comovi-me com o seu belísimo texto e com estas imagens de Moledo, que amo.
Fico por aí, consigo, neste sîlêncio da noite, mas com a certeza que o dia nascerá mais claro...
Beijinhos
Branca

Anónimo disse...

Depois dos Temporais

Sempre viveram no mesmo barco
Foram farinha do mesmo saco
Da mesma marinha, da mesma rainha
Sob a mesma bandeira
Tremulando no mastro
E assim foram seguindo os astros
Cortaram as amarras e os nós
Deixando pra trás o porto e o cais
Berrando até perder a voz
Em busca do imenso,
Do silêncio mais intenso
Que está depois dos temporais

E assim foram seguindo em frente
Fazendo amor pelos sete mares
Inchando a água de alga e peixe
Seguindo os ventos
As marés e as correntes
O caminho dos golfinhos
A trilha das baleias
E não havia arrecifes
Nem bancos de areia
Nem temores, nem mais dores
Não havia cansaço
Só havia, só havia azul e espaço

Ivan Lins

Canção para os amigos de Moledo, onde sopra o vento Norte.

Manuela Baptista
Estoril 31 de Agosto 2008

Anónimo disse...

Disfrutamos do calor porque já sentimos frio. Valoramos a luz porque conhecemos a escuridão. E compreendemos a felicidade porque conhecemos a tristeza.
(David Weatherford)

Um grande beijinho...........