11 abril 2008

Há dias mais leves

Há dias mais leves e alados em que acordo, sem sonhos...
Abro as janelas, corro portadas e tudo me parece mais sereno e a correr na justa medida do suportável.
E há outros dias e que são a maior parte dos dias, em que me levanto e me segredam que será um dos tais nefastos e frequentes em que a angústia me acossa; o medo me aperta a garganta; o olhar, já molhado, se turva, ao encontrar o olhar dos outros, e a voz fica prisioneira da vontade de gritar a verdade estrangulada.
Nesses dias de sonambulismo atento e doloroso, arranco o coração do peito e, antes de sair de casa e bater a porta, escondo-o debaixo teus diários que ficam espalhados na secretária e onde o recolho, à noite.

Mais um "adeus", no dia 19 de Outubro de 2007


David, a tua alegria e vontade de viver vão contagiar-nos, para sempre.
Um beijo da Cândida

1 comentário:

Anónimo disse...

Gosto de vir ler as palavras que escreves e através delas perceber se os dias amanhecem mais luminosos para ti.É melhor assim pois o silêncio das perguntas permanece entre todos nós.
Tenho vindo muitas vezes, quase todos os dias, como um ritual antes de me deitar.
Leio e releio. Lembro e relembro. No fim saio sempre irremediavelmente perdida, dorida, abandonada e sem forças para aguentar a tua dor, a minha dor ... a ausência do David para sempre.
Fico desgastada em memórias e em dúvidas que não têem resposta.
Disseram-me que não devo continuar este ritual, pelo menos enquanto ele não conseguir iluminar-me em vez de me destruir pela saudade e sofrimento. Disseram-me que as tuas palavras arrancadas do mais profundo do teu ser são tuas e não minhas. Disseram-me para pensar no que me disseram ... Não sei ainda que pensar. Por enquanto não vir aqui tem um sabor de abandono, mas prometi pensar no que me disseram.
Beijos.
Nini